8.05.2010

Velocímetro para na velocidade do acidente. Verdade ou mito?

Um acidente. Carros destruídos. Alguém noticia a velocidade em que o ponteiro travou: 150 km/h, 180 km/h... Não se impressione. Ela pode ser irreal


O velocímetro do veículo da foto acima não bateu necessariamente a quase 180 km/h; pode ter sido mais. Ou muito menos

Diante de acidentes graves, é comum que sites e jornais destaquem a posição em que o ponteiro do velocímetro parou. Mas será que ela indica a velocidade em que o carro estava no momento da colisão? Autoesporte até gostaria de simular um choque para provar. Mas sem dummies ou automóveis disponíveis, recorreu a especialistas no assunto.

Com 33 anos de experiência na área, Raphael Martello, perito em acidentes de trânsito, garante que a indicação não é verdadeira. “
A simples constatação da posição de imobilidade do ponteiro do velocímetro não pode ser considerada comprovação da velocidade. Em um acidente os componentes se deslocam e a própria inércia pode fazer com que o mecanismo do ponteiro se movimente, pois a desaceleração é muito forte”, afirma.

Segundo Martello, na maioria das vezes se observa uma absoluta disparidade entre a velocidade real e aquela que fica marcada. “
Sempre que veem a gravidade do acidente, as pessoas imaginam uma velocidade muito superior. No caso da Lady Di, por exemplo, falavam em mais de 200 km/h. Mas o choque foi a 93 km/h, segundo cálculos que consideraram a deformação do veículo”, diz.

O mito também é questionado por Iaran Gadotti, gerente de engenharia de desenvolvimento da Continental. Especializado na área de painéis de instrumentos, ele afirma que no projeto de um velocímetro não é incluído nenhum dispositivo capaz de travar o ponteiro na velocidade em que ocorre um acidente. “
Além disso, a marcação da velocidade vem do movimento das rodas. Se elas girarem no ar por algum motivo, a indicação será superior à real. Já se o motorista frear bruscamente e as rodas travarem, o ponteiro pode ir a 0 km/h, mas o carro continuará em movimento. Dos dois jeitos, a informação será comprometida”, diz. Se o acidente for grave e afetar fortemente a área frontal, rompendo fios, o painel deixará de funcionar por falta de alimentação da bateria, e aí o ponteiro poderá parar em qualquer ponto da escala.

É possível registrar a velocidade exata no instante do acidente, por um sensor do sistema de airbags. Mas, para isso, seria preciso transmitir esse dado ao painel. “
E hoje não há essa solicitação”, diz Gadotti.
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