8.04.2010

Sob protestos, RJ faz lobby por F-1 em nova pista; paulistas desdenham

Em São Paulo

Depois que o promotor da Fórmula 1 Bernie Ecclestone divulgou comentários cobrando melhorias em Interlagos e chamando o circuito paulista de “pior do campeonato”, os dirigentes do automobilismo no Rio de Janeiro viram uma boa chance de receber o circo na nova pista a ser construída no bairro de Deodoro. No entanto, uma guerra judicial se anuncia contra saudosistas que não aceitam a demolição de Jacarepaguá. Além disso, São Paulo tem contrato até 2014, e não teme perder o evento.

Mesmo assim, o circuito carioca surge como uma opção com força política, já que é uma ideia apresentada pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), do ministério do Esporte e da prefeitura local. A ideia é demolir Jacarepaguá para erguer um Parque Olímpico visando os Jogos de 2016. E usar a região do Complexo Esportivo Deodoro, na zona norte da cidade, para a construção da nova pista.

Quem mais se empolgou com a ideia de organizar a Fórmula 1 no Rio foi o presidente da federação estadual, Djalma Neves. Depois que Bernie fez críticas a Interlagos, ele enviou um comunicado à imprensa dizendo que as palavras de Ecclestone podem agilizar a construção do novo autódromo até 2012, dois anos antes do término do contrato com a cidade de São Paulo.

“Haveria tempo para comprovar que teremos uma pista em condições de receber a principal competição do automobilismo mundial”, declarou o presidente da federação fluminense, lembrando que o Rio precisará de novos eventos para aproveitar a infraestrutura que será desenvolvida com a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

Mas há quem diga que esse novo circuito em Deodoro enterraria de vez as chances do Rio de receber um evento internacional de automobilismo. São os integrantes do “Movimento SOS Autódromo”, que não se conformam com o iminente fim da pista de Jacarepaguá. Eles estão colhendo assinaturas para mover uma ação civil pública a fim de frear a demolição.

“Se tirar o autódromo de Jacarepaguá e construir outro em Deodoro, você mata de vez o automobilismo no Rio de Janeiro”, alertou Luis Otávio Falcão, que organizou um abraço simbólico na pista em maio, e planeja outro para setembro. O movimento já colheu 5 mil assinaturas, mas espera conseguir 50 mil para recorrer ao Ministério Público contra a demolição.

Mesmo que consiga todas essas assinaturas, Falcão sabe que será difícil barrar a obra: “Nosso apoio vem principalmente dos clubes de automóveis antigos. E de muitos pilotos também, mas eles não falam publicamente porque podem ser punidos pela CBA”. Para ele, só uma reforma em Jacarepaguá poderia trazer a Fórmula 1 de volta ao Rio.

“Em Deodoro, não há infraestrutura hoteleira ao redor, nem de transportes e hospitais. Ao contrário de Jacarepaguá, que tem tudo isso. Se o circuito de Deodoro sair do papel, de fato não teremos nenhuma chance de receber competições internacionais”, opinou o ativista.

Entretanto, Jacarepaguá precisaria de uma profunda reforma, o que, para o presidente da federação do Rio, está fora de questão. “Devemos todos nos unir para que o Rio volte a ter um autódromo de acordo com sua importância no cenário internacional”, afirmou Djalma Neves em seu comunicado.

Enquanto isso, em São Paulo, a prefeitura não mostra sinais de preocupação em perder o GP, e lembra que há investimentos em vista para Interlagos. O posicionamento oficial da SPTuris em relação ao assunto indica segurança em relação à renovação do contrato depois de 2014.

“Interlagos já passou por uma série de melhorias nos últimos anos, e a prefeitura de São Paulo tem um ótimo relacionamento com a organização da prova, mantendo um canal de diálogo permanente com a FIA para este processo de melhorias e do aprimoramento do autódromo”, declarou a entidade em nota.

No mês passado, a prefeitura renovou contrato dom a Fórmula Truck e aproveitou para anunciar uma série de melhorias, que incluem o aperfeiçoamento da pista a ser combinado junto à Federação Internacional de Automobilismo (FIA), além de reparos na infraestrutura fixa e a construção de uma “praça de eventos”, com direito a palco para shows. Tudo depende de um plano diretor que ainda não está no papel.

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